Comunicação interna não se resume a enviar comunicados. Essa afirmação pode parecer óbvia, mas infelizmente não são todos os comunicadores que conseguem colocar isso em prática.
Este conteúdo também está disponível em formato de áudio:
A mentalidade das organizações está mudando, tanto do ponto de vista de gestão quanto em relação a mão de obra, que conta com a nova força de trabalho jovem e fatores da cultura moderna, que influenciam o comportamento até dos mais experientes. Neste cenário, manter modelos de comunicação antigos pode limitar a real conexão entre organizações e esse novo perfil de colaboradores.
Para ilustrar a necessidade de adaptação da estratégia de produção de conteúdo, de forma dinâmica busque referência no trabalho de produtores digitais: infoprodutores, youtubers, blogueiros.
Pode parecer um pouco longe da realidade da comunicação interna fazer uma comparação com profissionais desse novo mercado digital. Mas, faça o exercício de observar materiais produzidos por alguns dos conteudistas abaixo, antes de seguir a leitura.
Natalia Arcuri – Me poupe (Finanças)
Gary Vee (marketing e vendas)
Daniele Noce – (culinária e viagens)
Braincast – (criatividade, tecnologia e inovação)
Dica: isso vai facilitar a compreensão prática de como incluir esse tipo de estratégia ao seu dia a dia.
Cada um dos exemplos citados são de realidades e nichos bem diferentes. Essa seleção foi feita intencionalmente, para você não ficar preso a nenhum modelo específico. O exercício tem a função de treinar a criatividade e demonstrar que o ponto em comum a todos os produtores citados é que estão sempre em constante mutação. O conteúdo que eles produzem acompanha mudanças na cultura pop e está sempre em ressonância com o que o público deseja ver. É uma comunicação construída em conjunto, levando em consideração as crenças do criador e os temas que o público tem interesse em consumir.
Hoje, eles tem amplo reconhecimento do público e são referência em seus segmentos, mas esse sucesso se iniciou quando ousaram fazer diferente e tratar os temas escolhidos de uma maneira nova, que não tinha semelhanças com o que era feito por seus ‘concorrentes’.
Antes da criação do Me poupe, dificilmente alguém encontraria dicas sobre saúde financeira com linguagem descontraída e informal. A própria Natalia cita que, diversas vezes, foi desencorajada no início do canal, e hoje, além de ser dona de um dos canais mais acessados do youtube, já publicou um livro e tem um reality show de finanças. Ela conquistou muita coisa, mas mais importante que isso, conseguiu entregar uma mensagem complexa, e que gerava aversão em muitas pessoas, de uma maneira leve e capaz de criar engajamento. Aqueles que, antes do canal, viviam no vermelho, hoje dão dicas de investimento para os amigos. A mensagem dela foi compreendida com sucesso.
No caso do Gare Vee, tudo começou quando ele assumiu a gestão da loja de vinhos da família. Com pequenas mudanças ele conseguiu aumentar o faturamento e entendeu que poderia fazer muito mais. Esse é um paralelo bem bacana para estratégias de comunicação. A CI, assim como a loja de vinho dos pais do Gary, está funcionando bem no modelo em que está operando, mas uma mudança de direcionamento pode melhorar os resultados. Esse foi só o começo, hoje ele é proprietário de uma das maiores agências com foco digital do mundo, já escreveu 5 livros (dos quais 4 ocuparam as primeiras posições da lista de mais vendidos do Wall Street Journal) e realiza palestras no mundo todo. O talento para bussiness é inegável, mas com certeza muito do sucesso dele se deve à sua postura arrojada, a frente do seu tempo e sempre preparado para mudar o status quo do mercado.
Fica o incentivo para você desafiar os modelos tradicionais da CI propondo novas mensagens e formatos que combinam com o público.
Para ser dinâmico é preciso ter repertório. Você pode sair escrevendo, sem nunca ter lido o que os outros estão falando, mas a tendência é que sempre repita o mesmo modelo. Reportório te ajuda a desconstruir padrões. Se inspire em modelos de comunicação disruptivos, mesmo que eles não tenham nenhuma semelhança com a comunicação interna.
O importante é que o propósito da mensagem sempre venha em primeiro lugar. Quebre paradigmas desenvolvendo novos formatos e ousando ser diferente do que a cartilha da comunicação interna prega. Traga iniciativas arrojadas para a área e espalhe a inovação para todos os campos da empresa. Pense na jornada do colaborador e faça conteúdos pertinentes a essa caminhada.
Por muito tempo a CI ficou estagnada em certos modelos, que já funcionaram muito bem, e ainda hoje funcionam, mas que poderiam trazer resultados melhores se adaptados a uma nova realidade de consumo de informação.