Desde 2014, janeiro é o mês de cor branca, e é dedicado à saúde mental e prevenção a doenças e distúrbios mentais. Cada vez mais em pauta nas organizações, este ano vem com o tema equilíbrio.
Segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019 um bilhão de pessoas já viviam com algum transtorno mental e 15% dos adultos em idade ativa sofreram com algum deles. Esse índice piorou com a pandemia de covid-19, quando a OMS também reforçou a atenção para a infoxicação e a infodemia — o excesso de informações e a falta de dados confiáveis. Junto desse cenário, é preciso chamar a atenção para doenças ocupacionais que são desencadeadas ou agravadas por transtornos mentais, como o Burnout.
Estresse, ansiedade e depressão: o que é normal e o que é transtorno
Seja pela vivência em um mundo em constantes e aceleradas mudanças ou pelos instintos do ser, o estresse e a ansiedade são reações que fazem parte da existência. Conversamos com a psicóloga comportamental, Joice Goveia, que explica que esses sentimentos são reações normais do corpo em determinados momentos.
Os transtornos, no entanto, se caracterizam pelo conjunto de sintomas persistentes ao longo de pelo menos um mês, quantificados também pelo prejuízo causado à pessoa ou à família. Para além dessa classificação médica, é fato conhecido que o estresse e a ansiedade são naturais à existência humana.
A ansiedade, quando caracterizada como transtorno, se mostra nas pessoas com a persistência de um pensamento muito acelerado, em um processo de busca constante por novas informações, novas atividades, acompanhada do sentimento de escassez. O excesso de informação aqui leva à busca por mais, porém, essa busca está acompanhada do sentimento de que ainda falta se informar. Esse sentimento persistente causa a permanência do estresse.
Já a depressão tem efeito contrário: ela, muitas vezes, leva à desaceleração excessiva. A pessoa passa pelo processo de iniciar uma leitura, por exemplo, e, por falta de viço, desiste. Ou seja, a informação é derrubada em vez de absorvida e o excesso se dá pela falta de energia para processá-la, causando um estresse que também permanece em meio ao desânimo.
Os sintomas do Burnout
Segundo a American Psychologial Association (APA), o Burnout é um conjunto de sintomas que abrangem a exaustão física, mental ou emocional, acompanhada de uma diminuição da motivação, além de baixo desempenho e atitudes negativas para consigo e com outras pessoas.
Além desses, o Ministério da Saúde do Brasil classifica sintomas físicos e emocionais que estão relacionados ao Burnout. Os sintomas físicos incluem:
Alterações no apetite (pouco ou muito);
Alteração nos batimentos cardíacos;
Cansaço excessivo;
Dores de cabeça frequentes;
Dores musculares;
Insônia;
Pressão alta;
Problemas gastrointestinais.
Entre os sintomas emocionais estão:
Alterações repentinas de humor;
Dificuldades de concentração;
Isolamento;
Negatividade constante;
Sentimentos de fracasso, insegurança, e incompetência.
Novas diretrizes para as organizações
Em janeiro de 2022, a OMS classificou o Burnout como uma doença ocupacional, tendo em vista as altas taxas em diferentes países: no Japão, o Burnout atinge 70% dos colaboradores. No Brasil, segundo país com maior índice de Burnout, a situação se torna cada vez mais alarmante e é uma das principais razões para o afastamento de colaboradores.
Ainda em 2022, a OMS divulgou novas diretrizes para a saúde mental no trabalho. “É hora de se concentrar no efeito prejudicial que o trabalho pode ter em nossa saúde mental", declarou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
No relatório de novas diretrizes, a OMS destacou a importância de ter ações para enfrentar as rotinas insalubres para os trabalhadores, como cargas de trabalho pesadas, comportamentos negativos, além de outros comportamentos que criam ou reforçam sentimentos angustiantes no trabalho.

Webinar Infoxicação e sociedade do cansaço: como promover o engajamento e evitar excessos no ambiente corporativo.
O primeiro encontro da Comunidade de Comunicação Interna do Comunica.In, o Conexão C.I, já tem data marcada e tema. No dia 30 de janeiro, conversaremos com Keite Pacheco, consultora, facilitadora e pesquisadora em comunicação, sobre como as organizações podem evitar a infoxicação dos colaboradores, promovendo o equilíbrio no dia a dia de trabalho e evitando a sobrecarga de informações.